11 novembro, 2007

Mensagens Personalizadas pelos Defuntos!

Estava eu no intervalo de um trabalho quando decidi ler as notícias diárias no meu jornal online quando me apareceu uma notícia engraçadíssima. A notícia dizia: <<Canadianos fazem 'humor negro' com a sua própria morte>> e como qualquer pessoa, fiquei intrigado e fui ler a notícia que me levou a escrever. Mas bem, vamos à notícia.

Uma escritora canadiana, Nancy Millar, estudou campas e túmulos por todo o seu país e concluiu que o número de epitáfios escritos pelos próprios falecidos aumentou cada vez mais nos últimos 20 anos. Vejamos, se o mais comum é encontrar-se a expressão 'eterna saudade' ou 'descansa em paz', porque não mudar? E porque não uma expressão deste tipo: 'Preferia estar em Boston a ver um jogo dos Red Sox'? Pois é, esta é uma de muitas expressões 'anormais' existentes nas campas do Canadá. Mas há muitas mais expressões engraçadas como por exemplo, a mais comum, 'Eu disse-te que estava doente', outras são curiosas como 'Aquele que morre com mais brinquedos é quem ganha', há também as de citações de autores famosos ou figuras públicas como 'Pesando todos os factores, preferíamos estar em Filadélfia'. Engraçado não?
O mais curioso é que estas campas personalizadas representam cerca de 40% do total, pois vejamos, a morte é muitas vezes inesperada e rápida o que torna este número bastante caricato.
Mas vamos a mais exemplos...
Vindo de alguém que tinha gosto pela Natureza: 'Fui à pesca', de cinéfilos 'Continua...', de românticos 'Vamos dançar ao luar' e a minha preferida é de alguém que teve os mesmos gostos que muitos de nós temos, 'Não estou cá, fui beber uma cerveja'.
E vocês, caros leitores, não se esqueçam de, nos vossos futuros cento e tal anos de idade, pedir aos filhos e netos que coloquem na campa uma expressão a vosso gosto, se quiserem ser diferentes.
A minha seria: 'Já que estás aí, vai buscar-me uma cerveja bem gelada'!
Até breve e obrigado a todos pelas visitas ao blog!

03 novembro, 2007

Lembrança de um Mestre...

Estava por aqui a pensar escrever quando me lembrei que ja nao lia Fernando Pessoa à algum tempo.
Então ora aqui vai algo para nós pensarmos como o mundo poderia ser tão simples...

Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos
XX

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não esta,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.